segunda-feira, 29 de agosto de 2011

3º encontro - história da águia e a galinha


A Águia e a Galinha 
Narrador: Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Coloco-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei de todos os pássaros. Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um biólogo. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o biólogo:
Biólogo - Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
Camponês - De fato, é águia. Mas eu criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
Biólogo - Não. Ela é e sempre será uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
Camponês - Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Narrador: Então decidiram fazer uma prova. O Biólogo tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
Biólogo - Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra, então abra suas asas e voe!
Narrador: A águia pousou sobre o braço estendido do Biólogo. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas. O camponês comentou:
Camponês - Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
Biólogo - Não. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
Narrador: No dia seguinte, o Biólogo subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe:
Biólogo - Águia, já que você é uma águia, abra as suas asas e voe!
Narrador: Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas. O camponês sorriu e voltou à carga:
Camponês - Eu lhe havia dito, ela virou galinha!
Biólogo – Não! Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
Narrador: No dia seguinte, o Biólogo e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas. O Biólogo ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
 Biólogo - Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!
Narrador: A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o Biólogo segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte. Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergue-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez mais para o alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento...
Todos: Houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. E muitos de nós ainda achamos que somos efetivamente galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, abramos as asas e voemos. Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar. 
(Autor: Leonardo Boff)

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